PF abre inquérito para apurar suspeita de crimes na gestão do Master e tentativa de compra pelo BRB




Investigação se baseou em documentos fornecidos pelo BC, que vetou o negócio, ao Ministério Público Federal; Master diz que inquérito está ‘destituído de respaldo fático ou evidencial’ (Por Aguirre Talento) - foto divulgação - 

A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar suspeitas de crimes envolvendo a gestão do Banco Master e a tentativa de compra pelo Banco de Brasília (BRB) - que foi rejeitada pelo Banco Central no início deste mês.

A apuração está em fase inicial e se baseia em documentos do Banco Central enviados ao Ministério Público Federal sobre a negociação. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo Estadão.

Procurado, o Banco Master que foi “surpreendido pelo tema, que está destituído de respaldo fático ou evidencial”. “Vale ressaltar que divulgar ou replicar informações imprecisas ou inverídicas contra instituições financeiras pode configurar crime contra sistema financeiro nacional, na medida em que busca abalar sua imagem, reputação, credibilidade e induzir investidores ao erro, comprometendo o sistema financeiro nacional”, diz o banco em nota.

O BRB afirma que não tem conhecimento do inquérito. “A instituição ressalta sua ampla colaboração com todos os órgãos sempre que solicitado. Reafirma, ainda, seu compromisso com a transparência e o respeito aos seus seus clientes e à sociedade em geral”, diz a nota. O BC não se manifestou.

A Polícia Federal também apura as suspeitas apontadas em relatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que identificou investimentos de R$ 2,1 bilhões do Master em empresas sem capacidade econômica, como revelou o Estadão. A CVM citou a existência de suspeitas de crimes e encaminhou o material à PF.

Nesta terça-feira, 30, presidente do BC, Gabriel Galípolo, tinha uma reunião marcada com representantes do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em São Paulo, mas o encontro foi cancelado.

A negativa do BC
O Banco Central ainda mantém em sigilo o documento que embasou a reprovação da venda de parte do Master para o BRB. Mas integrantes que participaram das negociações dizem que um ponto foi central na decisão: o risco de o BRB ser contaminado pelos ativos do Master considerados “podres”, ainda que eles não fossem envolvidos na operação.

A ideia da compra se baseava na lógica do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), dos anos 90. Ou seja, o BRB compraria os ativos bons do Master, deixando para trás o que seriam os ativos mais duvidosos, que não teriam o valor de mercado que constava no balanço do banco. Dessa forma, o Master seria dividido entre a parte “boa”, que iria para o BRB, e a parte “ruim”, que poderia ser desmembrada em várias outras partes.

O problema é que, como o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Master, teria ações no novo banco formado dentro do BRB (o BRB Corporate, fruto da compra, e que ficaria dentro da holding BRB), esses papéis poderiam ser vistos como uma garantia para cobrir os ativos podres do Master deixados para trás. E isso poderia arrastar o BRB, um banco público, para o problema do banco privado.

Como o Master fez bilhões em captações de CDBs cobertos pelo FGC, o fundo terá de honrar o passivo do Master — papéis emitidos em até R$ 250 mil — em caso de calote. Mas isso acarretaria uma dívida do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Master, com o FGC. E é aí que entrariam as suas ações no novo banco formado como BRB.

O BRB chegou a estabelecer uma cláusula impedindo que esses ativos do novo banco fossem usados para cobrir quaisquer problemas do Master, mas, aparentemente, essa medida não deu segurança jurídica para o Banco Central aprovar a operação. (Fonte: Estadão)

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