Historicamente, a Caixa sempre foi reconhecida como o banco da inclusão social. Hoje, porém, replica o modelo de gestão dos bancos privados. Nos últimos 12 meses foram fechadas 117 agências. Só este ano foram fechadas 10 unidades no ES - foto Paulinho Costa feebpr -
“Este processo de fechamento sistemático de agências precisa ser interrompido urgentemente”, diz em tom de desabafo a dirigente do Sindicato dos Bancários/ES Rita Lima. Ela criticou a falta de transparência desse processo de fechamento de unidades que vem sendo intensificado sobretudo de 2024 para cá. Nos últimos 12 meses (até junho deste ano), a gestão de Carlos Vieira fechou 117 agências de rua; oito postos de atendimento; 21 lotéricas e 234 correspondentes Caixa Aqui. “É um descalabro um banco que tem historicamente o papel social de promover a inclusão da população desbancarizada, reproduzir o modelo de gestão dos bancos privados de reduzir gastos a partir do fechamento de unidades bancárias”, protesta Rita.
No Espírito Santo, foram fechadas somente este ano 10 agências: Metropolitano, Vale, JF Cachoeiro, PAB Campo Grande, Bento Ferreira, Vitória Praia, Cricaré, Ibes Vila Velha, Praia da Costa e Vila Rubim – essas quatro últimas funcionarão somente até o dia 17 de outubro. Rita diz que não importa se uma agência ou outra tenha sido convertida em unidade singular (sem numerários) ou digital. “Embora a Caixa garanta que os empregados serão transferidos para outras unidades, o fechamento de agências, em última análise, prejudica a população, especialmente os segmentos menos favorecidos.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir de dados divulgados em julho de 2025, 20,5 milhões de brasileiros não tinham acesso à internet em 2024. “Estamos falando de mais de 10% da população que não serão beneficiadas em nada por agências digitais”, pondera Rita.
“A questão é que as agências de rua tradicionais estão sendo extintas e isso não pode continuar. É inaceitável que a direção da Caixa trate com naturalidade o encolhimento da rede como parte de uma estratégia de reestruturação do banco. Ora, a Caixa não pode copiar a gestão do Itaú, do Bradesco ou do Santander, bancos que têm o lucro como única prioridade. A Caixa é um banco público que tem responsabilidades e compromissos sociais que não podem ser preteridos”, pontua a dirigente.
Nos bastidores da reestruturação, corre a informação de que Vieira pretende chegar na proporção de uma agência para cada 100 mil habitantes. Considerando que a população brasileira é de 212 milhões, a rede da caixa seria reduzida 2.120. “É um disparate. Em 2010, a Caixa chegou a ter mais de 4 mil agências, ou seja, a média de duas unidades para cada grupo de 100 mil habitantes. Se essa redução for confirmada, o número de agências cairia pela metade em relação a 2010”, alertou Rita.
Até o primeiro trimestre de 2025 a Caixa contava com 3.200 agências. Uma queda de 5,9% se comparada a 2015. (Fonte: Seeb ES)
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