O banco informou que realiza avaliações periódicas de desempenho e que os desligamentos “foram conduzidos de forma criteriosa'. (Por Bia Xavier - JP) - foto Paulinho Costa feebpr -
O Itaú anunciou recentemente uma série de desligamentos de funcionários que atuavam em home office, gerando críticas do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Embora o banco não revele números oficiais, a entidade afirma que mais de 1 mil colaboradores foram afetados.
O motivo oficial, segundo a instituição, está relacionado à produtividade registrada nas plataformas de trabalho remoto. Em alguns casos, o banco apontou “padrões incompatíveis com os princípios de confiança, que são inegociáveis”.
A experiência de quem foi desligado
Segundo a BBC News Brasil, Marcos (nome fictício), que trabalhou quase uma década na área de tecnologia do Itaú, relata surpresa e frustração com a demissão. Apesar de ter recebido promoções e premiações por desempenho, ele foi incluído na lista de cortes sob alegação de baixa produtividade no home office.
“Trabalhei sete dias seguidos, inclusive finais de semana e até de madrugada. Mesmo assim, alegaram que minha produtividade era baixa”, disse. Marcos prefere manter seu nome real protegido enquanto busca novas oportunidades de emprego.
Como é medido o desempenho remoto?
O Itaú utiliza métricas como tempo de uso de mouse e teclado, participação em chamadas de vídeo, envio de mensagens e conclusão de cursos online. A empresa afirma que não grava telas, áudios ou vídeos, mas que acompanha a jornada digital para manter o modelo híbrido, adotado desde 2022.
Marcos, porém, afirma que nunca ficou claro como o monitoramento era feito. “Suspeitávamos, mas não sabíamos que eles registravam cliques, alt tab, scroll e tempo em reuniões. Muitas vezes almocei em frente ao computador para não interromper o trabalho, e ainda assim isso não foi considerado”, explicou.
Críticas à falta de transparência
O Sindicato dos Bancários questiona a proporcionalidade dos cortes e critica o uso de monitoramento digital para justificar demissões. A entidade alerta que práticas como essas podem gerar pressão excessiva, prejudicar a saúde mental e criar um ambiente de trabalho opressivo.
Paulo Renato Fernandes da Silva, advogado trabalhista e professor da FGV Direito Rio, reforça que empresas têm o direito de fiscalizar empregados, mas recomenda que contratos definam claramente os métodos de monitoramento, respeitando princípios de boa-fé e transparência.
O posicionamento do banco
Em nota, o Itaú reafirmou que as demissões foram resultado de uma “revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada”. A instituição enfatizou que decisões visam preservar a cultura interna e a confiança construída com clientes e colaboradores, e que o monitoramento digital segue políticas internas acordadas com os funcionários.
Marcos afirma que não pretende processar o banco, mas ressalta a sensação de injustiça diante da falta de diálogo prévio. “Meu coordenador sempre disse que eu era produtivo e não havia motivo para demissão. No fim, tudo aconteceu de forma abrupta”, lamentou. (Fonte: JP1)
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