Pastelão da MP revela incapacidade de Guedes e Bolsonaro de entender crise




Curley, Larry e Moe: o trio fez muito sucessos na TV e no cinema como "Os Três Patetas". Tratava-se de uma mistura que juntava o bobalhão, o burraldo e o agressivo. Juntos, eram notavelmente atrapalhados e incompetentes. Comédia tem dessas coisas (Reinaldo Azevedo) - 

O pastelão sobre o trecho da Medida Provisória 927 que permite a suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses sem compensação nenhuma ao trabalhador revela mais do que o estado de alienação e catatonia do governo diante da crise. O que se tem é um método de trabalho como nunca se viu no governo federal. É, de fato, inédito. E não funciona.

A MP, redigida no joelho, no fim de semana, saiu com as respectivas assinaturas do presidente da República e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Surpresa: ambos dizem que desconheciam o seu conteúdo, e o abacaxi foi parar no colo do secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco. O presidente, como sempre, fez cara do "enganado que não entende de economia". Guedes atribuiu a um erro de redação. E Bianco, em linhas gerais, disse ter entendido que a compensação àquele que teria o contrato suspenso viria em outro texto.

Antigamente, no tal jeito tradicional de fazer política, uma Medida Provisória só saía do Planalto depois de submetida ao escrutínio da Casa Civil e de passar por um severo crivo jurídico para saber se não padecia de vícios de ilegalidade. E, ainda assim, nem sempre tinha tramitação tranquila. Algumas medidas já foram parar no Supremo e não passaram pela peneira da constitucionalidade.

Em tempos do "melhor governo que o Brasil já teve", segundo o próprio Bolsonaro, de que o comandante é ele, como disse tentando afetar orgulho naquela coletiva do tira-máscara, põe-máscara, a Casa Civil está entregue a um general ainda da ativa, e o secretário especial da Previdência redige MP, então, segundo aquilo que ele diz ter entendido ser a vontade do governo. Guedes, pelo visto, não tinha tempo para minudências. Bolsonaro vai alegar a proverbial ignorância sobre economia. E tudo vai seguindo assim, à matroca. (Fonte: UOL)

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